Powered By Blogger

HISTÓRIA


Como tudo começou 

A história do Palmeiras começa com um grupo de imigrantes Italianos na cidade de São Paulo, que criaram o clube de futebol chamado no princípio, de PALESTRA ITÁLIA, em 26 de agosto de 1914 impulsionados pelos dois times italianos que se encontravam no Brasil, no caso o "Pro Vercelli" e o "Torino".

A primeira partida disputada pelo time, foi contra o Savóia, com vitória Palestrina de 2x0, gols de Bianco e Alegretti.

Abaixo temos a imagem do time da época.




Primeiro Título 

No final do mesmo ano, 1920, o Palestra conquista seu primeiro título paulista, numa final dramática contra o poderoso Paulistano, tetra-campeão paulista de 1916 a 1919. As duas equipes terminaram empatadas em pontos, obrigando a realização de uma partida extra, vencida pelo Palestra por 2 a 1, com gols de Martinelli e Forti, quebrando a hegemonia do rival.

Imagem do time de 1920, campeão Paulista:


Logo após conquistar muitos títulos Paulistas, e uma quantidade considerável de torcedores, o clube foi obrigado a mudar o nome “Palestra Itália” em 1942 para Sociedade Esportiva Palmeiras (S.E.P), devido à declaração do então presidente do Brasil, Getúlio Vargas, na segunda guerra mundial, de guerra aos países "eixos" (Alemanha, ITÁLIA e Japão).



Aí é que entra a tão famosa ARRANCADA HEROICA que contarei na próxima publicação.


Abraços família alviverde.



"Não nos querem Palestra, pois seremos Palmeiras e nascemos para ser campeões"

A Arrancada Heroica "Dia de Palmeiras", é um contexto usado para a mudança ocorrida em 1942 de"Palestra Itália" para "Sociedade Esportiva Palmeiras", quando Getúlio Vargas declarou guerra aos países "Eixos" (Alemanha, Itália, Japão).

A agremiação do SPFC era nova em comparação ao Palestra (que desde 1914 brilhava no futebol brasileiro). Inclusive, em 1938, o São Paulo chegou à beira da falência, o que só não aconteceu graças à organização de um torneio beneficente, conhecido como Jogo das Barricas, realizado pelos grandes clubes da capital (entre os quais, Corinthians, Palestra Italia e Portuguesa). A finalidade desta campanha era arrecadar fundos para o São Paulo, fazendo assim o rival se manter no futebol.

A decisão da arrancada aconteceu no dia 20 de setembro de 1942, quando o Palmeiras entrou em campo pela primeira vez com o nome que é conhecido até os dias de hoje.

Com o intuito de evitar as vaias que eram prometidas pelos rivais, a equipe surgiu no gramado do Estádio do Pacaembu com uma bandeira do Brasil, puxada pelo então diretor Adalberto Mendes, que era capitão do exército brasileiro e estava fardado. A iniciativa e a imagem emocionante, chamada depois de Arrancada Heroica, foi aplaudida pelos torcedores presentes e ajudou a amenizar a pressão sobre a equipe alviverde.

O jogo com o São Paulo foi tenso, com vitória alviverde por 3 a 1, e abandono de campo da equipe tricolor aos 21 minutos do segundo tempo, quando o árbitro marcou um pênalti cometido por Virgílio em Og Moreira. Com o placar e a fuga tricolor, o Palmeiras ganhou a primeira taça com o novo nome. Com a derrota, o São Paulo terminou em terceiro, atrás do Corinthians, vice-campeão.
Agora fala aí família, quem sobreviveu à uma guerra mundial, sobrevive a tudo né não? Haha.
Abraço pessoal!



A nova era do Verdão

Após a arrancada, já em 1944 o Palmeiras conquistava outro título paulista justamente em cima do SPFC.
Palmeiras terminou com 32 pontos, e o São Paulo 29 pontos, com lugar de vice-campeão. O jogo do título teve Vitória Palestrina de 3x1.

Em 47 além da conquista de outro título, houve a chegada do treinador que fez história no futebol brasileiro. Osvaldo Brandão virou ídolo dos rivais paulistas, Palmeiras e Corinthians.


No Palmeiras, ele foi técnico no ano de 1945, depois em 1947 á 1948, de 1958 á 1960, 1971 á 1975, depois em 1980. Com seu jeito rigoroso, exigente, profissional, ganhou grandes títulos como o bicampeonato brasileiro junto ao Palmeiras em 1972 e 1973, foi um dos técnicos da famosa “Segunda Academia” que tinha jogadores como, Ademir da Guia, Leivinha e Dudu.


















Pela primeira vez na história, em 1949, o Palmeiras vai à Espanha disputar um torneio contra o Barcelona (empate de 1x1) e Kobenhavn (perde de 4 a 3) ficando assim em 3° lugar. Em 1950 (Ano Santo), o Palmeiras conquista novamente um título em cima do São Paulo, na partida que ficou conhecida como “Jogo da Lama”. 1950 ficou conhecido como “Ano Santo” pelo fato do 4° centenário da morte de São João de Deus. E “Jogo da Lama” devido ao gramado do Pacaembu estar cheio de lama na partida final.

1951, ano da CONQUISTA DA COPA RIO, que veremos detalhadamente na próxima publicação.
Abraços família.




COPA RIO

A copa rio tem tamanha importância por ter sido a primeira tentativa de competição internacional de clubes da FIFA. O entusiasmo latente de todos, fez com que a associação brasileira de futebol paralisasse os campeonatos cariocas e paulistas.

O Palmeiras e o Vasco por ter sido campeões estaduais foram os escolhidos para participar da Copa.

Os bons resultados do nosso Verdão o levaram para a final junto ao Juventus, onde houve 2 jogos. No primeiro, vitória alviverde por 1x0, e na grande final, empate de 2x2. Após esses resultados, o Palmeiras sai campeão.






Depois da conquista, houve comemoração no Rio de Janeiro, toda a equipe do Palmeiras desfilou pela cidade. Quando chegaram em São Paulo, foram recebidos por uma grande multidão.

Toda a imprensa da época tratava o torneio como MUNDIAL, e diziam que a competição era a maior do futebol brasileiro.


Assim, nosso consagrado PALMEIRAS sai como 1° campeão mundial. Consagrando também o Brasil!






Depois de ser Campeão Mundial

Ainda em 1951 o Palmeiras ganha mais um título, o torneio Rio-São Paulo. De 1952 à 1958, o Verdão não ganha nenhum título. 

Em 1959, o Palmeiras volta a ser campeão paulista em cima do Santos, intitulado como Supercampeonato Paulista, devido a regularidade de forças, de elenco, de ambas as partes.

O título teve de ser dividido em 3 jogos, pois Palmeiras e Santos disputaram a liderança rodada a rodada, no primeiro turno, vitória Santista. No segundo, vitória Palestrina. O título foi dividido em três partes, com 2 empates e 1 vitória Palestrina de 2x1 




Nesse mesmo ano o escudo do Palmeiras muda novamente, agora o "P" é substituído por "Palmeiras, sendo assim até hoje em dia.




Mudanças dos escudos do Palmeiras 

Olá família!
Nessa publicação, ao invés de eu dar continuação à história do Verdão, vou escrever passo a passo, toda a mudança dos escudos.


1914 - Palestra Itália, feito nos primeiros tempos, e era o símbolo institucional do clube, utilizado em impressos, carteira social e na bandeira oficial.


1915 - Foi o primeiro distintivo utilizado na camisa do clube. As letras arcaicas “P” e “I”, nas cores brancas, ao lado esquerdo do peito do uniforme verde do Palestra Itália.


1916 - Para a disputa do Campeonato Paulista de 1916, a diretoria palestrina decide importar da Itália um jogo de camisa com o escudo da Cruz de Savóia, símbolo da Casa Real Italiana.


1917 - Houve nova alteração no escudo da camisa. A Cruz de Savóia deu lugar às letras “P” e “I”, que eram orladas por um triângulo na cor verde.


1918 - O distintivo foi mudado novamente. Seu formato passou a ser circular, vermelho num fundo branco. No centro, as letras "P" (na cor verde) e "I" (em vermelho).


1938 - Com o mesmo formato circular, mudou-se apenas a disposição das cores. Orlado de branco num fundo verde. No centro, as letras "P" (na cor branca) e "I" (em vermelho) entrecortando-se.

1940 - Com o mesmo formato circular, mudou-se apenas a disposição das cores. Orlado de branco num fundo verde. No centro, as letras "P" (na cor vermelha) e "I" (em vermelho) entrecortando-se.


1942 - Palestra de São Paulo - Símbolo provisório utilizado no período da mudança de nome.


1942 - Desaparece o vermelho e a letra “I” do escudo, ficando apenas o verde e o branco, com a letra "P" no centro, indicando a inicial do nome do clube.















1959 - O distintivo da camisa do Palmeiras sofre nova alteração. O tradicional “P” dá lugar a um novo escudo, o qual permanece até os dias atuais Evolução dos Símbolos do Palmeiras







   A Primeira Academia de Futebol 


Em 1960 o Palmeiras era tão bom que aí nasceu “A primeira Academia de futebol” sendo o único time capacitado a rivalizar o “Santos de Pelé”. Nesse mesmo ano, ganhou seu primeiro título nacional, a Taça Brasil, campeonato brasileiro da época. Goleou o Fortaleza por 8x2.

Após essa conquista histórica, o Palmeiras ganha o direito de disputar pela primeira vez a Taça Libertadores do ano seguinte.
Em 1961, na primeira disputa pela libertadores, o Verdão consegue chegar na final, após uma ótima campanha, mas perde o título para o Peñarol do Uruguai, com uma derrota e um empate.

É Novamente Campeão Paulista em 1963, tendo Julinho Botelho, como destaque.

Já 1965, foi um ano histórico para o Palmeiras, que representou por inteiro, desde técnico à goleiro, a SELEÇÃO BRASILEIRA, no dia 7 de setembro no estádio do Mineirão.
Enfrenta o Uruguai e vence por 3x0, com gols de Julinho Botelho (que encerrava a carreira no fim da temporada), Rinaldo e Tupãzinho.
Além disso, o Verdão conquistou o Torneio Rio- São Paulo.

Em 1966, o Palmeiras vence novamente o Paulistão em cima do “Santos de Pelé”.






O ano seguinte foi um dos melhores na década, para o Palmeiras, o Verdão ganha novamente a Taça Brasil, e o então recém criado “Torneio Roberto Gomes Pedrosa” (Robertão), uma espécie de competição nacional.


Em 1968, o Palmeiras chega novamente a final da Libertadores, perdendo então para o Estudiantes da Argentina.


A década de 60, acaba-se assim! Muitos títulos, conquistas e glórias, que só nosso Verdão pode contar em sua história.

Abraços verdes família (:


A Segunda Academia de Futebol 


A década de 70 para o Palmeiras, foi tão boa quanto a de 60. Pois, também tinha um time tão bom e prazeroso de se assistir jogar, considerado "A segunda academia de Futebol". 

O Palmeiras tinha um time comandado por Leão, Luís Pereira, Dudu, Ademir da Guia, entre outros, um verdadeiro cenário para o futebol brasileiro. 

Em 1971 o atacante Leivinha, na época da Portuguesa é contratado após longa negociação. Ele se transformaria em um dos maiores artilheiros do clube com 105 gols. 

O ano de 1972 é histórico, o Palmeiras conquista os títulos das 5 competições que participou, entre elas o Campeonato Paulista em cima do São Paulo, e Brasileiro no Botafogo do Rio

No ano seguinte vem o bicampeonato brasileiro, contra o São Paulo, além do time paulista, o quadrangular final ainda era composto por grandes times da época, o Cruzeiro e o Internacional do RS


Em 1974 o Verdão conquista um dos títulos mais comemorados de sua história. Em uma final diante do Corinthians, que na época estava amargando um jejum de vinte anos sem ganhar nenhum título, o Palmeiras vence por 1 a 0 com gol de Ronaldo. Este título causou grandes estragos no rival Palmeirense, o Corinthians se desestruturou, e o então presidente Vicente Matheus ainda se viu obrigado a negociar um dos maiores jogadores da história corintiana; Roberto Rivellino.



A década de 70 não acaba por aí não, na próxima publicação veremos em detalhes a despedida de Ademir da Guia (Divino).

Beijinhos verdes família!



Último título com o Divino - A despedida

Em 1976 o Palmeiras ganhava novamente o Paulistão, o último título conquistado da "geração Ademir".


Afastado do campo durante um tempo por problemas de saúde, Ademir da Guia abandonou o futebol em 1977, com diversos problemas para renovar o contrato por causa da sua sinusite.

Seu jogo de despedida ocorreu apenas em 1984, trazendo muita polêmica.

Achei uma reportagem feita pela Folha de São Paulo, feita por Miguel de Almeida, com um perfil de Ademir da Guia, publicada no dia 15 de janeiro de 1984, alguns dias antes desse jogo.

É cumprida, mas vale a pena conferir ...




" Da Guia, ainda um menino de olhos tristes
Lá estava a fera, seis anos depois de ter abandonado o campo, não por vontade própria, e mais por uma maldita sinusite – lá estava o divino, de calção, sem camisa, voz de moleque dengoso, perto de completar 42 anos, ainda um menino de olhos tristes e verdes, talvez com a mesma aparência ingênua trazida do Bangu, bairro carioca onde nasceu. Lá estava Ademir da Guia, atrasado meia hora pra entrevista, e pedindo:
- Tem de esperar um pouco. Vou tomar uma ducha rápida.
E foi. Até os atletas padecem do calor mortal numa cotidiana tarde paulistana. Passada em um apartamento – quente – localizado nas Perdizes, bem próximo à PUC. Depois de seis anos afastado do futebol – ele saiu em setembro de 77, pensando que voltaria em seguida – Ademir da Guia deve pisar no campo da Portuguesa no dia 22 de janeiro, na pele de Seleção Paulista x Palmeiras.
Lá estava Ademir da Guia – no banho. Nada de luxo no apartamento de um homem cantado por três poetas brasileiro (João Cabral de Melo Neto, Décio Pignatari e Roberto Bicelli) – um privilégio que nem Édson Arantes do Nascimento, Pelé, teve em sua brilhante carreira (no entanto, ele tem a Xuxa: compensações).
Um sujeito de subúrbio carioca, outra lenda brasileira, incrível meio-campista, campeão 5 vezes pelo Palmeiras, acostumado às demonstrações mais carinhosas dos torcedores – e, sabemos, isso é difícil, por ser o torcedor pior do que mulher amada, sempre exigindo milagres em beiras de penhascos, além de ser a manifestação de amor mais próxima da faca de dois gumes: hoje, a glória; amanhã, nada.
O apartamento pouco tem de luxo, um equipamento de som no canto direito da sala, algumas gravuras pelas paredes, um conjunto de sofás bem simples, mesas de mármores – nada demais.
De repente, o homem. E uma lembrança também. Quando ele jogava – e como jogou – todos comemoravam seu estilo calmo e frio, feito diagnóstico, de tocar a bola. Poucos entendiam. Todos gostavam. Na verdade, Ademir da Guia é o Paulinho da Viola do futebol brasileiro – como o sambista tem de ser observado, porque não faz lances grosseiros, só percebido por pessoas demais de sensíveis, porque sutileza não acontece sempre, nem é manchete de jornal.
Lá estava o divino. De calção, sem camisa, meio largado no sofá, o admirável Da Guia foi logo dizendo:
- Me desculpe. É que me atrasei pela cidade. (A voz é pausada, os olhos soltos pela sala, jamais presos a um objetivo ou ponto definido). Sabe, ando até meio cansado. Quando você tá nessa vida de jogador, dá uma entrevista hoje, outra amanhã, tudo vai normal. Mas agora, estando fora, tudo fica meio cansativo. Por sorte, os amigos estão dando força, todo mundo ajudando. Tá tudo bem.
Aliás, a fidelidade em Ademir da Guia é coisa notável. Em vinte anos como profissional, teve apenas dois times. O Bangu e o Palmeiras. Em São Paulo, chegou em 61 e daqui nunca mais saiu, espécie de patrimônio palmeirense e com lugar cativo no coração de outras torcidas também sensíveis. Por isso, por causa dessa natural fidelidade, a sua história não possui lances fora do habitual.
É assim: com quinze anos, entra para o Bangu, depois de correr campos aos subúrbios cariocas, em peladas que somente fizeram-no lapidar uma espécie de malemolência do toque de bola, da passagem e finalização das jogadas.
Depois, Palmeiras. De 61 a 63, ainda não é titular do meio de campo, mas se aperfeiçoa calmamente, numa lenta preparação. Titular em 63 – e dessa condição só sairia por vontade própria, forçado pela sinusite, em setembro de 77.
Linha de equilíbrio, trajetória de bala de longo alcance ou, como diz João Cabral de Melo Neto, “Ademir impôs com seu jogo o ritmo de chumbo (e o peso), da lesma, da câmara lenta, do homem dentro do pesadelo”. Nada mais certo.
Da Guia diz estar contente com o jogo de despedida oficial. Fica chateado apenas como teve de abandonar o futebol, ele imaginando que os problemas surgidos no nariz fossem algo simples, de fácil solução. Não eram. Tanto que não tem certeza do que teve – ou ainda tem: a coisa não tá de todo resolvida.
Era setembro de 77 e o médio aconselhou uma operação. Aos 35 anos, em plena forma, da Guia calculou que voltaria no início de 78, para talvez encerrar a carreira aos quarenta anos – tudo indicava isso, da técnica aperfeiçoada ainda intacta ao preparo físico, à capacidade de correr um jogo inteiro.
Pois em setembro de 77 fez a sua primeira operação no nariz. Nada de melhorar. Outra operação. Também nada de melhora. No início de 78, já pela terceira operação, voltou ao campo. Correu, correu – e sentiu-se mal. Tinha de fato de sair, largar o futebol até encontrar uma solução. E por quase quatro anos – de 77 a 81 – sua vida resumiu-se a uma correria entre hospitais, remédios, farmácias e novas consultas.
Foi apenas no meio do ano passado, ali por julho, que da Guia de novo pisou num campo para correr, buscar a forma perdida, experimentar com vontade o gosto da bola no pé. E foi somente há duas semanas que entrou num joguinho besta, em um campo da cidade, sentindo a emoção de vestir a camisa de um time (não um time grande, como o Palmeiras, Corinthians). Mas foi importante – principalmente para dar a certeza de que ele poderá jogar em simples peladas pelo interior. Assim, deve participar dos jogos do “Milionários”, ainda este ano.
(Tudo isso quem diz é da Guia. Com voz pausada e numa malemolência de garoto. Garoto esperto. Em instante algum se diz ressentido ou chateado pelas situações. Ao contrário. Sempre acha explicações que melhore a coisa parecida piorada). Assim:
- É. Parar aos 35 anos não estava nos meus planos. Eu pensava que iria até os 40. Porque eu tava bem, me sentia legal. E, quando o médico me disse para fazer uma operação, não pensei em nada de muito ruim. Depois, a coisa não melhorando, eu sendo operado, deixei de pensar no futebol, porque o importante era a minha saúde. Tava certo, não? E então nem me preocupei em largar o futebol – porque não tinha largado. Sempre tava pensando em voltar, era minha vontade. A coisa ficando ruim. Fiquei meio assustado. O que eu tive? Foi nariz, sinusite, eu não sei ao certo o que eu tive.
E então surge o admirável da Guia, com sua saída:
- Podia ser pior. Já pensei se eu tivesse isso aos 30 anos? Iria ser ruim. Graças a Deus, a coisa só foi acontecer aos 35 anos. Um tempo melhor, não tão no auge de uma carreira, né?
Dinheiro Ademir da Guia ganhou. Não ganhou muito, ele confessa. Porque para ganhar bastante, raciocina, só em dólar, jogando fora do Brasil. Funcionário do Palmeiras, nos dois últimos anos treinou os times amador e infantil do clube. Como bico, trabalhava como vendedor para a fábrica de um amigo, localizada em Araraquara. Vendas? Como vendas? Diz, em ritmo de chorinho:
- É, eu gosto de vendas. Não é uma coisa presa, ali, você podendo viajar bastante. É gostoso porque você conversa com muitas pessoas. Não dá é pra ficar preso.
De novo, liberdade e prazer. Do futebol, da Guia guarda muitas boas lembranças. Como a entrada em um estádio lotado, as finais, as viagens. Alguma irritação? Ah, da Guia, o homem do equilíbrio, provocador do desequilíbrio alheio, é fatal.
- O treino, aquela rotina dos treinamentos, tudo aquilo era muito cansativo. A preparação cansava, cansava bastante. Isso cansava. Na segunda-feira, tudo começava de novo. Você lá batendo ponto. Se chegasse atrasado, sendo multado. Isto não é diversão. Diversão é o jogo em si, a partida do domingo. Agora, o treino, levantar cedo (da Guia tem cara de quem gosta de dormir), isso com tempo vai dando um cansaço enorme.
A arte, no caso o futebol, sob o regime da indústria. A criatividade, no caso os dribles, passes e gols, sob a face crua e ruim do cotidiano. E é difícil entrar e sair bem cedo dos campeonatos jogados entre cidades distantes, ligadas por ônibus, concentrações, aviões.
- Não, nunca entrei em campo cansado, sem vontade. Porque jogar é a compensação. Pra aquilo tudo que a gente se prepara. O mais fácil de tudo é o jogo. Saudades? Tenho saudades apenas dos jogos, não dos treinos. Mas quando parei, eu estava cansado. Os campeonatos começavam ali por janeiro, fevereiro. Perto de setembro, outubro, não aguentava muito mais, não. Ficava pensando em férias. Descansar – descansar daqueles treinos, muita concentração. Não dos jogos, disso nunca fiquei cansado, porque disso sempre gostei, ainda gosto – vai dizendo da Guia, sempre em voz calma.
A fase boa é a fase de total inspiração. Mas a fase ruim, aquela de toques errados, um estranho cansaço – essa fase é demais de ruim até com os supercraques, qualidade em que Ademir da Guia está colocado com bons pontos. E, por isso, por ser o totem no meio do campo, uma má fase acaba ampliada por várias lentes. Daí, a coisa dói. Dói na vaidade e na falta de resposta. Diz o sempre calmo da Guia:
- A coisa é curiosa. Tem fases que tudo vai bem. Outras, não. (N.R.: filosofia popular). Então sai técnico, muda jogador. Não tem explicação. No fundo, é onze contra onze. As vezes, um jogador te marca melhor. Ou é um goleiro que pega tudo – mas tudo mesmo. Ou então você fica pensando: será que o juiz marcou algo errado (N.R.: percebam a natural inocência do meio-campista). Existem mil coisas em uma derrota – ou que possam dar numa derrota.
E quando você esteve em uma má fase, qual o sentimento disso? O calmo da Guia ajeita a pergunta e chuta:
- Você fica mais preocupado, quando sai porque está mal, como sujeito que entra no seu lugar – fica de olho se ele está bem. Você está mal: joga uma partida, ok. É normal. Joga a segunda ruim, ok, não é incomum isso. Mas, a partir da terceira, a torcida já fala, a imprensa quer saber: Ademir, o que há que você tá jogando mal? Eu não sei, respondo. E não dá pra saber. Se você diz que está cansado, vão na pele do preparador físico. É assim. Agora, você tem de ter calma.
Calma. Tudo bem. As duas palavras de maior frequência no vocabulário de da Guia. E calma ele continua quando perguntado se não foi injustiçado ao não ir para a seleção – ir como devia, não aquela idazinha em 74, um único jogo, como se fosse uma bondade do inábil Zagalo. Mas uma idona, jogando tempo inteiro, várias jogos inteiros. Então, da Guia, como convém ao seu estilo (de jogo e de fala), diz:
- Não fui injustiçado, não. É que na minha época existiam quatro bons jogadores (na verdade, três): Gérson, Dirceu Lopes e Rivelino. Eu e Dirceu Lopes não tivemos muitas chances. O Gérson jogava bem. O Riva foi lá e também jogou bem. No Brasil, por essa época, tínhamos 3, 4 jogadores bons para cada posição.
Mas, o da Guia, não dava raiva sair a convocação e você não ter o seu nome lá, anotado?
- É. Fazia falta. Mas não me magoava. Quando eu fui em 74, foi ótimo. Se nunca tivesse ido, teria ficado chateado. Era a única coisa que faltava na minha carreira. Claro, queria era participar de uma Copa do Mundo. E participei. Não ficava chateado. Esperava. Não saía, tudo bem. Seleção é uma coisa complicada. Também a coisa é difícil: não iria conversar com o Rivelino, que é meu amigo, e, quando ele entrasse em campo, torcer para ele sair e eu entrar – não dava, né? Não era uma coisa legal.
Cutucando a onça com vara curta, ele acaba soltando algo não muito frio, destituído de emoção. Ele recorda:
- Quando o Zagalo disse que eu iria entrar, naquele jogo contra a Polônia, eu fiquei contente. Porque tava lá e pensava: será que não vou jogar uma única vez? Vim aqui e não vou entrar? Bem, mas ganhar ou perder – a coisa é outra nesse caso.
O bom Ademir da Guia passou por vários desafios. Quase todos, venceu. Ao chegar em São Paulo, no distante ano de 61, muitos disseram que aquele seu estilo de jogar não daria certo. Mas, era, por que? Pelo simples fato de que o futebol paulista sempre foi corrido e da Guia seguida calmo, mas com régua e compasso. De novo, o poeta. Da Guia nega a apologia dos camaleônicos pela simples matemática dos artistas que adaptam o tempo à sua maneira – e não vice-versa.
Da Guia, você é calmo ou é também muito triste? Ele não sorri. Entende que não é ironia a pergunta, mas algo sério.
- Sou calmo… Desde pequeno… Acho que não vou mudar.
Mas da Guia se abre, de novo, e conta:
- Em 74, quando o Palmeiras foi campeão, estavam todos já pulando de alegria. Eu passei, andando, calmo. Todos: essa não, isso é demais. É que eu tava cansado mesmo, de tanto correr no jogo.
Ele conta o caso e se cala, mas de novo se revela:
- Às vezes sou contente ou um pouco triste. Sou assim. "






Após lermos toda essa reportagem, devemos chegar à conclusão de que mesmo aqueles que como eu nunca virão um título da "geração Ademir", devemos agradecer porque o que o Divino fez pelo Palmeiras não foi pouco. Divino será sempre lembrado por nós Palmeirenses!


A década de 70 depois de tantos títulos, glórias e emoções, acaba por aí.

Até a próxima família. Beijinhos Verdes.



O Começo de um Grande Jejum

De 1980 à 1985, não há muito o que falar do verdão que enfrentara em "jejum de títulos", e não ganhara nenhuma competição de importância histórica. 

Em 1981, o Verdão vai mal no "paulista" e tem de começar o ano na Taça Prata (então divisão de acesso do nacional), mas tem uma boa campanha e consegue ficar em primeiro de seu grupo e, pelo regulamento, é promovido à Taça Ouro.
Já em 1982, fracassa no paulista mais uma vez, mas não consegue uma boa colocação na Taça Prata, não conseguindo migrar para a Taça de Ouro. 

No ano de 1985 ocorre um jogo considerado histórico, a partida entre Palmeiras e São Paulo termina empatada em 4 a 4 no Estádio do Pacaembu, além do placar anormal, houve duas cobranças de pênaltis perdidas, um para cada lado.


Em 1986 o time volta a disputar uma final do campeonato paulista, mas é derrotado pela surpreendente Internacional de Limeira; nesse mesmo campeonato, o Palmeiras derrota o seu arqui-rival, o Corinthians, por 5 a 1. 
Em 1987 o jovem goleiro Zetti entra para a história ao ficar 1.239 minutos sem tomar gol defendendo o Verdão. Em 1989 o time conquista a Taça dos Invictos (23 partidas sem perder) sendo o seu treinador Leão.

Na próxima publicação, falarei do começo da inesquecível "Era Parmalat" 
Até família alviverde. Abraços. 

A era Parmalat 

No começo da década de 1990 o Palmeiras segue sem títulos, mas em abril de 1992, a diretoria assina um inédito contrato de parceira para a gestão do futebol com a multinacional italiana Parmalat e anuncia profundas mudanças, entre elas a camisa, que ganha listras brancas e o verde fica mais claro. 

Inicialmente, alguns craques são contratados, entre eles o meia Zinho e o lateral Mazinho, que se juntaram a jogadores, como o volante César Sampaio e o atacante Evair

Na virada de 1992 para 1993, outros craques são contratados, como o zagueiro Antonio Carlos, além de revelações do futebol que trariam muitas alegrias ao torcedor alviverde, como o lateral-esquerdo Roberto Carlos e os atacantes Edmundo e Edílson


Com a postura ousada da Parmalat, de fazer contratações caras para a época, o Palmeiras caminhava para o retorno aos títulos.

A década de 90 não para por aí não. É uma década comprida e cheia de glórias que constarei na próxima publicação.
Abraços família 

Nenhum comentário:

Postar um comentário